Cirurgia Plástica

cirurgiao examinando rosto de paciente

Cirurgia Plástica: especialidade dinâmica e em constante evolução

 

Todo dia, um especialista traz sua visão sobre uma das área, as oportunidades disponíveis, principais desafios e muito mais! Hoje é dia de falar sobre Cirurgia Plástica com a Dra. Danielle Rocha.

1) O que é?

Certamente você tem uma ideia do que um cirurgião plástico faz, podemos facilmente encontrar informações sobre saúde, beleza e estética associadas à Cirurgia Plástica. Contudo, a cirurgia plástica moderna é uma especialidade dinâmica e em constante evolução, não está restrita pela anatomia ou sistemas orgânicos.

Incorpora várias áreas de atuação, tais como: cirurgia da mão, cirurgia crânio-maxilo-facial, tumores cutâneos e oncologia, cuidados às queimaduras e feridas complexas, cirurgias estéticas, cosmiatria, cirurgia plástica órbito-palpebral, reconstrução mamária, microcirurgia e cirurgia de intersexo.

Embora esse largo espectro de atividades seja uma característica da Cirurgia Plástica, ele também contribui para a dificuldade em se definir claramente sua área de atuação. A formação do médico cirurgião plástico no Brasil compreende as seguintes etapas:

Etapa 1: 6 anos de graduação em Medicina.
Etapa 2: 2 anos de Residência Médica em Cirurgia Geral (a partir de 2018 – 3 anos).
Etapa 3: 3 anos de Residência Médica em Cirurgia Plástica.

Existem mais 3 grandes áreas de especialização do Cirurgião Plástico, são elas:

– Microcirurgia: 1 ano de Residência Médica (pré-requisito: Residência Médica em Cirurgia Plástica).
– Cirurgia Crânio-Maxilo-Facial: 1 ano de Residência Médica. (pré-requisito: Residência Médica em Cirurgia Plástica, Otorrinolaringologia ou Cirurgia de Cabeça e Pescoço).
– Cirurgia de Mão: 2 anos de Residência. (pré-requisito: Residência Médica em Cirurgia Plástica ou Ortopedia).

2) Como é o dia a dia?

O dia a dia das especialidades cirúrgicas é bem semelhante e consiste nas avaliações e preparo dos pacientes para o procedimento cirúrgico proposto, nas execuções das cirurgias propriamente ditas e nos cuidados pós-operatórios, além dos cuidados e curativos de feridas agudas e crônicas.

Na rede pública de saúde são executados procedimentos estéticos tais como: colocação de próteses de mama, glúteos, panturrilhas, mento, blefaroplastias, ritidoplastias, otoplastias, redução mamária, abdominoplastias entre outras; e reparadores como: correção de úlceras de pressão, remoção de neoplasias com reconstrução imediata, colocação de expansores cutâneos para correção grandes defeitos em áreas com pouco tecido doador, enxertias cutâneas e etc.

Na medicina privada é possível a realização de outros procedimentos não cirúrgicos em consultório tais como: aplicação de toxina botulínica, volumização facial com ácido hialurônico, peelings químicos e físicos, lasers entre outros.

3) Oportunidades de trabalho:

Cirurgiões plásticos atuam, em sua maioria, em seus consultórios particulares. É possível a aquisição de planos de saúde, contudo, os mesmo não tem cobertura para procedimentos estéticos, o que restringe a atuação do cirurgião a procedimentos cirúrgicos em pacientes pós bariátricos, ressecção de tumores cutâneos e outros procedimentos reparadores. Na rede pública, encontramos serviços de cirurgia plástica nos hospitais universitários e em instituições vinculadas ao ensino. Não são frequentes concursos públicos para cirurgia plástica.

4) Número de especialistas:

No momento, temos aproximadamente 5.600 cirurgiões plásticos registrados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

5) Curiosidade(s):

– “O adultério foi a origem da cirurgia plástica, há 2.000 anos, na Índia. Essa infração era levada muito a sério pelos hindus, que cortavam o nariz do culpado. A deformidade social e facial era reparada com a pele da face ou da testa, cortada como se corta uma folha e costurada sobre o orifício. A operação foi aperfeiçoada em Bolonha, em 1597, por Gasparo Tagliacozzi (1546-1599), que soltava três lados de um pedaço de pele do braço, prendia o braço sobre o nariz e, quando o enxerto pegava, soltava o braço, cortando a parte da pele ainda presa a ele. Há um século amadores faziam isso na Sicília. Branca de Catânia era o “homem de grandes habilidades, que aprendera a arte de restaurar um nariz usando a pele do braço do paciente ou pregando sobre o orifício o nariz de um escravo”.”
(trecho extraído do livro ‘A assustadora história da Medicina de Richard Gordon’; pag. 232-234)

Fonte: A assustadora história da Medicina de Richard Gordon

O curioso em relação a esse texto é que ainda hoje uma das áreas utilizadas para reconstrução nasal é a fronte. Grandes defeitos nasais e mesmo pequenos defeitos de ponta nasal são reconstruídos utilizando-se um Retalho Paramediano Frontal, que nada mais é que tirar um pedaço da testa e colocar no nariz!

6) Especialidades correlacionadas:

Como a Cirurgia Plástica não está restrita a órgãos e sistemas, muitas especialidades tem atividades  sobrepostas ou atuam em conjunto na resolução de alguns casos. Por exemplo: alguns otorrinolaringologistas realizam rinoplastias e otoplastias. Ginecologistas/Mastologistas trabalham juntos com plásticos nas reconstruções mamárias. Plásticos crânio-maxilo-faciais executam reconstruções de face e crânio com cirurgiões buco-maxilo, cirurgiões de cabeça e pescoço e neurocirurgiões. Reconstruções de membros são realizadas com apoio de ortopedistas e cirurgiões vasculares. Algumas reconstruções óculo-palpebrais e ressecções tumorais necessitam de acompanhamento de oftalmologistas no pré e pós-operatório para que o procedimento seja bem sucedido. Enfim, inúmeras são as situações em que a cirurgia plástica se correlaciona com outras especialidades médicas.

7) Área de atuação:

A cirurgia plástica possui três áreas de atuação mais específicas, são elas: Microcirurgia, Cirurgia de Mão e Cirurgia Crânio-Maxilo-Facial.

  • Mas o que faz um cirurgião plástico com formação em Microcirurgia?
    Os traumas e as neoplasias são os responsáveis pelas grandes lesões em diversas partes do corpo. Frequentemente, não é possível reconstruir as áreas lesionadas com retalhos locais (utilizando tecidos próximos às lesões) e portanto, temos como alternativa confeccionar retalhos de áreas distantes para cobrir ferimentos e reconstruir a área lesada. Como esse tecido vem de outro lugar, ele precisa ser revascularizado no seu novo local, essa revascularização e reconstrução é realizada pelo Microcirurgião.
  • Cirurgião Crânio-Maxilo-Facial:
    Já o cirurgião plástico com especialização em Cirurgia Crânio-Maxilo-Facial, executa correções em face e crânio de pacientes com anomalias congênitas, tais como: fissuras de palato e lábio, fissuras faciais, craniossinostoses e etc. Além de atuarem em reconstruções de crânio e face após grandes traumas ou ressecções neoplásicas, junto com cirurgiões de cabeça e pescoço e cirurgiões Buco-Maxilo (Cirurgiões Dentistas).
  • Cirurgião de Mão:
    A mão é uma parte do corpo extremamente especializada e complexa. Por isso, existe uma especialidade para tratar exclusivamente das questões cirúrgicas relacionadas às suas estruturas.

8) Mensagem para quem quer seguir essa especialidade:

Como toda especialidade médica, se especializar em Cirurgia Plástica requer muito estudo e dedicação, afinal são pelo menos mais 6 anos após a conclusão da faculdade. Habilidade manual e criatividade são características bem vindas para execução das atividades. Se esse é o seu desejo arregace as mangas, seja perseverante e siga em frente. No demais, te desejo boa sorte!

Autora:
Dra. Danielle Rocha

Referências: